domingo, 26 de julho de 2009

ORGULHO E HUMILDADE

Homens, por que lamentais as calamidades que vós mesmos amontoastes, provocastes sobre vossas cabeças?
Desprezastes a santa e divina moral do Cristo: Não vos admireis de que a taça da iniquidade tenha derramado, transbordado por toda parte do mundo.
O mal- estar se torna geral. A quem se deve, se não a vós mesmos, que incessantemente procurais aniquilar-vos uns aos outros?
Não podeis ser felizes, sem mútua benevolência, e como poderá esta existir juntamente com o orgulho?
O orgulho eis a fonte de todos os vossos males.
Dedicai-vos, pois, á tarefa de destrui-lo, se não quiserdes perpetuar as suas funestas consequências.
Um só meio tendes para isso, mas infalível: tomai a lei do Cristo por regra invariável de vossa conduta, essa lei que haveis rejeitado ou falseado na sua interpretação.
Por que tendes em tão grande estima o que brilha e encanta os vossos olhos, que ainda estão cobertos pela a verdadeira vida além da terra? enxergai-vos além da carne!
Por que tendes em tão grande estima o que brilha e encanta os vossos olhos, em lugar do que vos toca o coração?
Por que o vício que se desenvolve na opulência é o objecto da vossa reverência, enquanto só tendes um olhar de desdém para o verdadeiro mérito, que se oculta na obscuridade?
Que um rico libertino, perdido de Corpo Alma, se apresenta em qualquer lugar, e todas as portas lhe são abertas, todas as honras lhe são dispensadas, enquanto dificilmente se concede um gesto de protecção ao homem de bem que vive do seu trabalho.
Quando a consideração que se dispensa ás pessoas é medida pelo peso do ouro que elas possuem, ou pelo nome que trazem, que interesse podem ter elas em se corrigirem de seus defeitos?
Bem diferente seria, entretanto, se o vício doirado fosse fustigado pela opinião pública, como o é o vício andrajoso.
Mas o orgulho é indulgente para tudo quanto o agrada.
Séculos de concupiscência e de dinheiro, dizeis-vos. Sem dúvida; mas por que deixaste as necessidades materiais se sobreporem ao bom senso e a razão? Por que cada qual deseja se elevar se sobre o seu irmão? Agora, a sociedade sofre as consequências.
Não esqueceis que um tal estado de coisas é sempre o sinal da decadência moral.
Quando o orgulho atinge o seu extremo, é indício de uma próxima queda. pois, Deus pune sempre os soberbos. Se ás vezes os deixa subir, é para lhes dar tempo de reflectir e de emendar-se, sob os golpes que, de tempos a tempos,desfere no seu orgulho como advertência. Entretanto, em vez de se humilharem, ele se revolta. Então, quando a medida está cheia, ele a vira de repente, e a queda é tanto mais terrível, quanto mais alto tiverem se elevado.
Pobre raça humana, cujos caminhos foram todos corrompidos pelo egoísmo, reanimai- vos apesar disso! na sua infinita misericórdia Deus envia um poderoso remédio aos seus males, um socorro inesperado á tua aflição.
Abri os olhos, á luz: eis que as almas do que se foram estão de volta, para te recordar os verdadeiros deveres. Elas te dirão, com a autoridade da experiência, quanto as vaidades e as grandezas da vossa passageira existência são pequeninas, diante da eternidade.
Dirão que, nesta, será maior o que foi menor entre os pequenos deste mundo; que o que mais amou seu irmão será o mais amado no céu; que os poderosos da Terra, se abusaram da autoridade, serão obrigados a obedecer aos seus servos; que a caridade e a humildade, enfim essas duas irmãs que se dão as mãos, são os títulos mais eficazes para obter-se a graça do Eterno.

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