quinta-feira, 28 de novembro de 2013

LIVRO DOS ESPÍRITOS - SUICÍDIO.


                                             SUICÍDIO
 
 
 
943. Donde nasce o desgosto da vida, que, sem motivos plausíveis, se apodera de certos

indivíduos?

“Efeito da ociosidade, da falta de fé, e também, da saciedade. Para aquele que usa de suas

faculdades com fim útil e de acordo com as suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido e a vida se

escoa mais rapidamente. Ele lhe suporta as vicissitudes com tanto mais paciência, quanto obra com o fito

da felicidade mais sólida e mais durável que o espera.”

944. Tem o homem o direito de dispor da vida?

“Não; só a Deus assiste esse direito. O suicídio voluntário importa numa transgressão desta lei.”

a) Não é sempre voluntário o suicídio?

“O louco que se mata não sabe o que faz.”

949. Será desculpável o suicídio, quando tenha por fim obstar a que a vergonha caia sobre os filhos,

ou sobre a família?

“O que assim procede não faz bem. Mas, como pensa que o faz, Deus lhe leva isso em conta, pois

que é uma expiação que ele se impõe a si mesmo. A intenção lhe atenua a falta; entretanto, nem por isso

deixa de haver falta. Demais, eliminai da vossa sociedade os abusos e os preconceitos e deixará de haver

desses suicídios.”
Aquele que tira a si mesmo a vida, para fugir à vergonha de uma ação má, prova que dá mais

apreço à estima dos homens do que à de Deus, visto que volta para a vida espiritual carregado de suas

iniqüidades, tendo-se privado dos meios de repará-las durante a vida corpórea. Deus, geralmente, é menos

inexorável do que os homens. Perdoa aos que sinceramente se arrependem e atende à reparação. O

suicida nada repara.
a) Os que hajam conduzido o desgraçado a esse ato de desespero sofrerão as conseqüências de

tal proceder?

“Oh! Esses, ai deles! Responderão como por um assassínio.”

953. Quando uma pessoa vê diante de si um fim inevitável e horrível, será culpada se abreviar de

alguns instantes os seus sofrimentos, apressando voluntariamente sua morte?

“É sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência. E

quem poderá estar certo de que, mau grado às aparências, esse termo tenha chegado; de que um socorro

inesperado não venha no último momento?”.

a) Concebe-se que, nas circunstâncias ordinárias, o suicídio seja condenável; mas, estamos

figurando o caso em que a morte é inevitável e em que a vida só é encurtada de alguns instantes.

“É sempre uma falta de resignação e de submissão à vontade do Criador.”

b) Quais, nesse caso, as conseqüências de tal ato?

“Uma expiação proporcionada, como sempre, à gravidade da falta, de acordo com as

circunstâncias.”

952. Comete suicídio o homem que perece vítima de paixões que ele sabia lhe haviam de apressar

o fim, porém a que já não podia resistir, por havê-las o hábito mudado em verdadeiras necessidades

físicas?

“É um suicídio moral. Não percebeis que, nesse caso, o homem é duplamente culpado? Há nele

então falta de coragem e bestialidade, acrescidas do esquecimento de Deus.”

954. Será condenável uma imprudência que compromete a vida sem necessidade?

“Não há culpabilidade, em não havendo intenção, ou consciência perfeita da prática do mal.”
955. Podem ser consideradas suicidas, e sofrem as conseqüências de um suicídio as mulheres que,

em certos paises, se queimam voluntariamente sobre os corpos dos maridos?

“Obedecem a um preconceito e, muitas vezes, mais à força do que por vontade. Julgam cumprir um

dever e esse não é o caráter do suicídio. Encontram desculpa na nulidade moral que as caracteriza, em a

sua maioria, e na ignorância em que se acham. Esses usos bárbaros e estúpidos desaparecem com o

advento da civilização.”

951. Não é, às vezes, meritório o sacrifício da vida, quando aquele que o faz visa salvar a de

outrem, ou ser útil aos seus semelhantes?

“Isso é sublime, conforme a intenção, e, em tal caso, o sacrifício da vida não constitui suicídio. Mas,

Deus se opõe a todo sacrifício inútil e não o pode ver de bom grado, se tem o orgulho a manchá-lo Só o

desinteresse torna meritório o sacrifício e, não raro, quem o faz guarda um pensamento, que lhe diminui o

valor aos olhos de Deus.”
Todo sacrifício que o homem faça à custa da sua própria felicidade é um ato soberanamente

meritório aos olhos de Deus, porque resulta da prática da lei de caridade. Ora, sendo a vida o bem de seus

semelhantes: cumpre um sacrifício. Mas, antes de o cumprir, deve refletir se sua vida não será mais útil do

que sua morte.
957. Quais, em geral, com relação ao estado do Espírito, as conseqüências do suicídio?

“Muito diversas são as conseqüências do suicídio. Não há penas determinadas e, em todos os

casos, correspondem sempre às causas que o produziram. Há, porém, uma conseqüência a que o suicida

não pode escapar; é o desapontamento. Mas, a sorte não é a mesma para todos; depende das

circunstâncias. Alguns expiam a falta imediatamente, outros em nova existência, que será pior do que

aquela cujo curso interromperam.”
A observação realmente, mostra que os efeitos do suicídio não são idênticos. Alguns há, porém,

comuns a todos os casos de morte violenta e que são a conseqüência da interrupção brusca da vida. Há,

primeiro, a persistência mais prolongada e tenaz do laço que une o Espírito ao corpo, por estar quase

sempre esse laço na plenitude de sua força no momento em que é partido, ao passo que, no caso de morte

natural, ele se enfraquece gradualmente e muitas vezes se desfaz antes que a vida se haja extinguido

completamente. As conseqüências deste estado de coisas são o prolongamento da perturbação espiritual,

seguindo-se à ilusão em que, durante mais ou menos tempo, o Espírito se conserva de que ainda pertence

ao número dos vivos. (155 e 165)

A afinidade que permanece entre o Espírito e o corpo produz, nalguns suicidas, uma espécie de

repercussão do estado do corpo no Espírito, que, assim, a seu mau grado, sente os efeitos da

decomposição, donde lhe resulta uma sensação cheia de angústias e de horror, estado esse que também

pode durar pelo tempo que devia durar a vida que sofreu interrupção. Não é real este efeito; mas, em caso

algum, o suicida fica isento das conseqüências da sua falta de coragem e, cedo ou tarde, expia, de um

modo ou de outro, a culpa em que incorreu. Assim é que certos Espíritos, que foram muito desgraçados na

Terra, disseram ter-se suicidado na existência precedente e submetido voluntariamente a novas provas,

para tentarem suportá-las com mais resignação. Em alguns, verifica-se uma espécie de ligação à matéria,

de que inutilmente procuram desembaraçar-se, a fim de voarem para mundos melhores, cujo acesso,

porém, se lhes conserva interdito. A maior parte deles sofre o pesar de haver, feito uma coisa inútil, pois que

só decepções encontram.

A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como contrário às leis da Natureza.

Todas nos dizem, em princípio, que ninguém tem o direito de abreviar voluntariamente a vida. Entretanto,

por que não se tem esse direito? Por que não é livre o homem de por termo aos seus sofrimentos? Ao

Espiritismo estava reservado demonstrar, pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é uma

falta, somente por constituir infração de uma lei moral, consideração de pouco peso para certos indivíduos,

mas também um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica, antes o contrário é o que se dá, como

no-lo ensinam, não a teoria, porém os fatos que ele nos põe sob as vistas.

 
146. É fatal o instante da morte?

Com exceção do suicídio, todos os casos de desencarnação são determinados previamente pelas

forças espirituais que orientam a atividade do homem sobre a Terra.

Esclarecendo-vos quanto a essa exceção, devemos considerar que, se o homem é escravo das

condições externas da sua vida no orbe, é livre no mundo íntimo, razão por que, trazendo no seu mapa de

provas a tentação de desertar da vida expiatória e retificadora, contrai um débito penoso aquele que se

arruína, desmantelando as próprias energias.

A educação e a iluminação do íntimo constituem o amor ao santuário de Deus em nossa alma.

Quem as realiza em si, na profundeza da liberdade interior, pode modificar o determinismo das condições

materiais de sua existência, alçando-a para a luz e para o bem. Os que eliminam, contudo, as suas energias

próprias, atentam contra a luz divina que palpita em si mesmos. Daí o complexo de suas dívidas dolorosas.

E existem ainda os suicídios lentos e gradativos, provocados pela ambição ou pela inércia, pelo

abuso ou pela inconsideração, tão perigosos para a vida da alma, quanto os que se observam, de modo

espetacular, entre as lutas do mundo.

Essa a razão pela qual, tantas vezes se batem os instrutores dos encarnados, pela necessidade

permanente de oração e de vigilância, a fim de que os seus amigos não fracassem nas tentações.
 
O Consolador – Emmanuel

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