sábado, 4 de abril de 2009

DAR DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBER

http://woodsy
"Dai de graça o que de graça recebestes", disse jesus aos seus discípulos, e por esse preceito estabelece que não se deve cobrar aquilo por que nada se pagou. Ora o que eles haviam recebido de graça era a faculdade de curar os doentes e de expulsar os demónios, ou seja, os maus Espíritos. Esse dom lhes foram dado gratuitamente por Deus, para alívio dos que sofrem e para ajudar a propagação da fé. Ele lhes diz que não o transformem em objecto de comércio ou de especulação, nem em meio de vida.
PRECES PAGAS
Disse ainda Jesus; Não façais que as vossas preces sejam pagas; não façais como os escribas, que, "a pretexto de longas preces, Devoram as casas das viúvas", quer dizer, apossam-se de suas fortunas.
A prece é um ato de caridade, um impulso do coração; fazer pagar aqueles que dirigimos a Deus pelos outros, é nos transformarmos em intermediários assalariados. A prece se transforma então, numa fórmula, que é cobrada segunda o seu tamanho. Ora, de duas, uma: Deus mede ou não mede as suas graças pelo número das palavras; e se forem necessárias muitas, como dizer apenas algumas, ou quase nada, por aquele que não pode pagar? Isso é uma falta de caridade. Se uma palavra é suficiente, as demais são inúteis. Então, como cobra-las? É uma prevaricação.
Deus não vende os seus benefícios, mas concede-os. Como, pois, aquele que nem sequer é o seu distribuidor, e que não pode garantir a sua obtenção, cobrar um pedido que talvez nem seja atendido? Deus não pode subordinar um ato de clemência, de bondade ou de justiça, que se solicita de sua misericórdia, a um determinado pagamento; mesmo porque, se o fizesse, o pagamento não sendo efectuado, ou sendo insuficiente, a justiça, a bondade e a clemencia de Deus ficariam em suspenso, A razão, o bom-senso, a lógica, dizem-nos que Deus, a perfeição absoluta, não pode delegar a criaturas imperfeitas o direito de estabelecer preços para sua justiça. pois a justiça de Deus é como o sol, que se distribui para todos, para o pobre como para o rico. Se considerarmos imoral traficar com as graças de um soberano terreno, seria lícito vender as do Soberano do Universo?
As preces pagas tem ainda um outro inconviniente: é que aquele que as compara se julga, no mais das vezes, dispensando de orar por si mesmo, pois considera-se livre dessa obrigação, desde que deu o seu dinheiro. Sabemos que os espíritos são tocados pelo fevor do pensamento dos que se interessam por por eles. mas qual pode ser o fervor daquele que paga um terceiro para orar por ele? E qual o fervor desse terceiro, quando delega o mandato a outro, e este a outro e assim por diante? Não é isso reduzir a eficácia da prece ao valor da moeda corrente?

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...