sábado, 23 de janeiro de 2010

A INGRATIDÃO DOS FILHOS E OS LAÇOS DE FAMÍLIA

A ingratidão é um dos frutos mais imediatos do egoísmo, e revolta sempre os corações virtuosos. Mas a dos filhos para com os Pais tem um sentido ainda mais odioso. É desse ponto de vista que vamos encarar mais especialmente, para analisar-lhes as causas e os efeitos. Nisto, como em tudo, o Espiritismo vem lançar luz sobre um dos problemas do coração humano .

Quando o Espírito deixa a terra, leva consigo as paixões ou as virtudes inerentes á sua natureza, e vai no espaço aperfeiçoar-se ou estacionar, até que deseje esclarecer-se. Alguns, portanto levam consigo ódios violentos e desejos de vingança. A alguns deles, porém, mais adiantados, é permitido entrever algo da verdade: reconhecem os funestos efeitos de suas paixões, e tomam então boas resoluções; compreendem que para dirigir-se á Deus, só existe uma senha- caridade. mas não há caridade sem esquecimento das ofensas e das injurias; não há caridade com ódio no coração e sem perdão.
É então que, por um esforço inaudito, voltam o seu olhar para os que detestaram na Terra. À vista deles, porém sua animosidade desperta. Revoltam-se à ideia de perdoar, e ainda mais a de renunciarem a si mesmos, mas sobretudo a de amar aqueles que lhes destruíram talvez a fortuna, a honra, a família.
Não obstante, o coração desses infortunados está abalado. Eles hesitam, vacilam, agitados por sentimentos contrários. Se a boa resolução triunfa, eles oram a Deus, imploram aos Bons Espíritos que lhes dêem forças no momento mais decisivo da prova.
Enfim, depois de meditação e de preces, o Espírito se aproveita de uma corpo para se preparar, na família daquele que ele detestou, e pede, aos Espíritos encarregados de transmitir as ordens supremas, permissão para ir cumprir sobre a Terra os destinos desse corpo que vem de se formar. Qual será, a sua conduta nessa família? Ela dependerá da maior ou menor persistência de sua boas resoluções. O contacto incessante dos seres que ele odiou é uma prova terrível, da qual as vezes sucumbe, se a sua vontade não for bastante foste. Assim, segundo a boa ou má resolução que prevalecer, ele será o amigo ou inimigo daqueles em cujo meio foi chamado a viver.
É assim que se explica esse ódio, essas repulsas instintivas que se notam em certas crianças, e que nenhum fato exterior parece justificar. nada, com efeito, nessa existência, poderia provocar essa antipatia. Para encontrar-lhes a causa, é necessário voltar os olhos ao passado.
Compreendei neste momento o grande papel da Humanidade! Compreendei que, quando gerais um corpo, a alma que se encarna nele, vem do espaço, do mundo espiritual para progredir.
Tomai conhecimento dos vossos deveres, e coloque todo o vosso amor em aproximar essa alma de Deus: é essa missão que vos está confiada, e da qual recebereis a recompensa, se cumprir fielmente. Vossos cuidados, a educação que lhe dardes, auxiliarão o seu aperfeiçoamento e a sua felicidade futura. Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe, Deus perguntará: "Que fizeste da criança confiada a vossa guarda?" Se permaneceu atrasada por vossa culpa, vosso castigo será o de vê-la entre os espíritos sofredores, quando dependia de vós que fosse feliz.
Então vos mesmos, carregados de remorsos, pedireis para reparar a vossa falta; solicitareis uma nova encarnação, para vós e para ela, na qual a cercareis de mais atentos cuidados, e ela cheia de reconhecimento, vos envolverá no seu amor.

Não recusai, portanto, o filho que no berço repele a mãe, nem aquele que te paga com a ingratidão: não foi o acaso que o fez assim e que lhe enviou . Uma intuição imperfeita do passado se revela, e dela podeis deduzir que um ou outro já odiou muito ou foi muito ofendido, que um ou outro veio para perdoar ou expiar, Mães abraçai, pois, a criança que vos causa aborrecimentos, e dizei para vós mesmas "Um de nós duas foi culpada" Merecei as divinas alegrias que Deus concedeu à maternidade, ensinando a essa criança que ela está na Terra para se aperfeiçoar, amar e abençoar Mas, ah! muitas dentre vós, em vez de expulsar por meio da educação os maus princípios inatos, provenientes das existências anteriores, entretém e desenvolvem esses princípios, por descuido ou por uma culposa fraqueza. E, mais tarde, o vosso coração ulcerado pela ingratidão dos filhos, será para vós, desde esta vida, o começo da vossa expiação.

A tarefa não é tão fácil como podereis pensar. Não exige o saber do mundo, o ignorante e o sábio podem cumprir-la e o Espiritismo vem facilitar-la ao revelar a causa das imperfeições do coração humano.

Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior. É necessário aplicar se em estuda-los. Todos os males tem sua origem no egoísmo e no orgulho. Espreitais, pois, os menores sinais que revelam os germes desse vícios, e dedicai-vos a combate-los, sem esperar que eles lancem raízes profundas. Fazei como o bom jardineiro, que arranca os broto daninhos, á medida que os vê aparecerem na árvore. se deixardes que o egoísmo e o orgulho se desenvolvam, não vos espanteis de ser pagos mais tarde pela ingratidão. Quando os pais tudo fazerem para o adiantamento moral dos filhos, se não conseguirem êxito, não têm do que lamentar e sua consciência pode estar tranquila. Quando a amargura muito natural que experimenta, pelo insucesso de esforços, Deus reserva-lhes uma grande, imensa consolação, pela certeza de que é apenas um atraso momentâneo, e que lhe será dado acabar em outra existência a obra então começada e que um dia o filho ingrato os recompensará com seu amor.

Deus não faz as provas superiores ás forças daqueles que as pede; só permite as que podem ser cumpridas; se isto não se verifica, não é por falta de possibilidades, mas de vontade. Pois quantos existem, que em lugar de resistir aso maus arrastamentos, neles se comprazem; é para eles que estão reservados o choro e o reger de dentes em suas existências posteriores .


Admirai entretanto a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Chega um dia em que o culpado está cansado de sofrer, e seu orgulho foi por fim dominado, e é então que Deus abre os braços partenais para o filho pródigo, que se lança aos pés. As grandes provas, -escutais bem- são quase sempre o indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus. É um momento supremo, e é nele sobretudo que importa não falir pela murmuração, se não se quiser perder o fruto da prova e ter de recomeçar. Em vez de vos queixardes, agradecei a Deus, que vos oferece a ocasião de vencer para vos dar o prémio da vitoria. Então, quando saindo do turbilhão do mundo terreno, entrardes no mundo dos espíritos, serei ali aclamado como soldado que saiu vitorioso do centro da refrega.


De todas as provas, as mais penosa são as que afectam o coração. Aquele que suporta com coragem a miséria das privações materiais, sucumbe ao peso das amarguras domésticas, esmagando pela ingratidão dos seus. é essa uma pungente angústia! mas o que pode, nessas circunstâncias, reerguer a coragem moral, senão o conhecimento das causas do mal, com a certeza de que, se há longas dilacerações, não há desespero eternos, porque Deus não pode querer que a sua criatura sofra para sempre? O que há de mais consolador, de mais encorajador, do que esse pensamento de que depende de si mesmo, de seus próprios esforços, abreviar o sofrimento, destruído em si as coisas do mal? mas para isso é necessário não reter o olhar na Terra e não ver apenas uma existência: é necessário elevar-se pairar ao infinito do passado e do futuro. Então a grande justiça de Deus se revela aos vossos olhos, e esperais com paciência, porque explicaste a vós mesmos o que vos parecia monstruosidade da Terra. Os ferimentos que recebestes vos parecem simples arranhadura. nesse golpe de sua vista lançado sobre o conjunto os laços de família aparecem no seu verdadeiro sentido: não são mais os laços frágeis da matéria que ligam os seus membros, mas os laços duráveis do Espírito, que se perpetuam e se consolidam ao se depurarem, em vez de se quebrarem com a reencarnação.

Os espíritos, cuja similitude de gostos, identidade do progresso moral e a afeição, levam a reunir-se formam famílias. esses mesmos espíritos, nas suas migrações terrenas, buscam-se para agrupar-se , como faziam no espaço, dando origem ás famílias unidas e homogéneas. E se, nas suas peregrinações, ficam momentaneamente separados, mas tarde se reencarnam, felizes por seus novos progressos. mas como não devem trabalhar somente para si mesmos. Deus permite que espíritos menos adiantados venham encarnar-se entre eles, a fim de haurirem conselhos e bons exemplos, no interesse do seu próprio progresso. Eles causam, por vezes, perturbações no meio, mas é lá que está a prova, lá que se encontra a tarefa. Recebei-os, pois, como irmão; ajudai-os, e mais tarde, no mundo dos espíritos, a família se felicitará por haver salvo do naufrágio os que, por sua vez, poderão salvar outros.

























Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...