domingo, 16 de agosto de 2009

AO QUE TEM SE LHE DARÁ

"Dá-se ao que já tem e retira-se ao que não tem".
Meditai sobre esses grandes ensinamentos, que quase sempre vos parecem paradoxais. Aquele que recebeu é o que possui o sentido da palavra divina. Ele a recebeu porque esforçou-se para fazer se digno, e porque o senhor, no seu amor misericórdioso, encoraja-lhe os esforços em direçao ao bem. Esses esforços contínuo, perseverantes atraem as graças do senhor. São como um imã, que atraísse as melhoras progressivas, as graças abundantes, que vos tomam fortes para a subida da montanha sagrada, em cujo cume encontrareis o repouso que sucede ao trabalho.
"Tira-se àquele que nada tem, ou que tem pouco".
Tomai isto como um ensino figurado. Deus não tira das suas criaturas o bem que se dignou conceder-lhes. Homens cegos e surdos! Abri vossas inteligência e vossos corações: procurai ver pelo espírito; compreendei com a alma; e não interpretai de maneira grosseiramente injusta as palavras daquele que fez resplandecer aos vossos olhos a justiça do senhor! Não é Deus quem retira daquele que pouco havia recebido, mas é o seu próprio Espírito, que pródigo e descuidado, não sabe conservar o que tem, e aumentar, fecundando-a, a migalha que caiu no seu coração.
O filho que não cultiva o campo que o trabalho do pai conquistou, para deixar-lhe de herança, vê esse campo cobrir-se de ervas daninhas. Será o seu pai quem lhe tira as colheitas que ele não preparou? se ele deixou a sementeira morrer nesse campo, por falta de cuidado, deve acusar seu pai pela falta de produção? Não, não! Em vez acusar aquele que tudo lhe deu, como se lhe houvesse retomado os bens, deve acusar-se a si mesmo, que é o verdadeiro responsável pela sua miséria, e arrependido e activo entregar-se corajosamente ao trabalho. Que arroteie o solo ingrato, com o esforço de sua própria vontade; que o lavre a fundo, com a ajuda do arrependimento e da esperança; que nele atire, confiante, a sementeira que escolheu como boas entre as más; que o regue com o seu amor e sua caridade; e Deus de Amor e caridade, dará àquele que já tem então, ele verá os seus esforços coroados de sucesso, e um grão a produzir cem, e outro, mil.
Coragem, trabalhadores! Tomai as vossas grades e charraus; arroteai os vossos corações; arrancai deles o joio; semeai a boa semente que o Senhor vos confia, e o orvalho do amor os fará produzir os frutos da caridade.
Um espírito amigo
Bordeaux. 1862

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