quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

DESAPARECIMENTO DO CORPO DE JESUS







O desaparecimento do corpo de Jesus, depois da sua morte, foi objecto de numerosos comentários; ele é atestado pelos quatros evangelistas, sobre o relato das mulheres que se apresentam ao sepulcro no terceiro dia, e ali não o encontram. Uns viram nesse desaparecimento, um fato miraculoso, outros supuseram uma retirada clandestina.

Segundo uma outra opinião, Jesus não teria revestido um corpo carnal, mas somente um corpo fluídico; não fora, durante a sua vida, senão uma aparição tangível, em uma palavra, uma espécie de agênere. Seu nascimento, sua morte e todos os actos materiais de sua vida, não seriam senão uma aparência. Foi assim, diz-se que seu corpo retornado ao estado fluídico, pôde desaparecer do sepulcro, e foi com esse mesmo corpo que ele se mostrou depois de sua morte.



Sem dúvida, semelhante fato não é radicalmente impossível, segundo o que se sabe hoje sobre as propriedades dos fluidos; mas seria ao menos inteiramente excepcional e em aposição formal ao carácter do agênere.




A permanência de Jesus sobre a Terra apresenta dois períodos: a que precede e aquela que se segue á sua morte.



Na primeira, desde o momento da concepção até o nascimento, tudo se passa na mãe, como nas condições comuns da vida. Desde o seu nascimento até a morte, tudo, em seus actos em sua linguagem e nas diversas circunstâncias de sua vida, apresenta os caracteres inequívocos da corporeidade. Os Fenómenos de ordem física que se produzem nele são acidentais, e nada têm de anormal, uma vez que se explicam pelas propriedades do perispírito, e se encontram em diferentes graus entre alguns indivíduos. Depois da sua morte, ao contrário, tudo nele revela o ser fluídico. A diferença entre os dois estados é de tal modo marcante que não é possível assimilá-los.





O corpo carnal tem as propriedades inerentes á matéria propriamente dito, e que diferem essencialmente daquelas dos fluídos etéreos; a desorganização nela se opera pela ruptura da coesão molecular. Um instrumento cortante, penetrando no corpo material, divide-lhe os tecidos; se os órgãos essenciais á vida são atacados, seu funcionamento se detém, e a morte se segue, quer dizer, a morte do corpo. Essa coesão não existem nos corpos fluídicos, a vida não repousa mais sobre o funcionamento de órgãos especiais, e neles não podem se produzir desordens análogas; um instrumento cortante, ou qualquer outro, ai penetra como num vapor, sem lhe ocasionar nenhuma lesão. Eis porque essas especíes de corpos não podem morrer, é porque os seres fluídicos designados sob o nome de agêneres não podem ser mortos.





Depois do suplicio de Jesus, seu corpo ali, inerte e sem vida foi enterrado como os corpos comuns, e cada um podia vê-lo e toca-lo. Depois de sua ressurreição, quando quer deixar a Terra, não morre mais; seu corpo se eleva, se desvanece e desaparece, sem deixar nenhum traço, prova evidente de que seu corpo era de uma outra natureza daquele que pareceu sobre a cruz; de onde é preciso concluir que Jesus pôde morrer, foi porque tinha um corpo carnal.





Em consequência de suas propriedades materiais, o corpo carnal é a sede das sensações e das dores físicas que repercutem no centro sensitivo ou Espírito. Não é o corpo que sofre, é o espírito que recebe o contragolpe da lesões ou alterações dos tecidos orgânicos. Num corpo privado do Espírito, a sensação é absolutamente nula; pela mesma razão, o Espírito, que não tem o corpo material, não pode sentir os sofrimentos que são resultado da alteração da matéria, de onde é igualmente necessário concluir que se Jesus sofreu materialmente, como disse não se poderia duvidar, foi porque tinha um corpo material, de uma natureza semelhante aqueles de todo o mundo.



Aos fatos materiais vêm se acrescentar considerações morais poderosíssimas.



Se Jesus estivesse, durante a sua vida, nas condições de seres fluídicos, não teria sentido nem a dor, nem nenhuma das necessidades do corpo ; supor assim não haja sido, é tirar-lhe todo o mérito da vida de privações e de sofrimentos que escolheu como exemplo de resignação.

se tudo nele não era senão aparência, todos os actos de sua vida, o anúncio reiterado de sua morte, a cena dolorosa do jardim da oliveiras, sua prece a Deus para afastar o calíce de seus lábios, sua paixão, sua agonia, tudo até a sua última exclamação no momento de entregar o espírito, não teria sido senão um vão simulacro, para enganar sobre a sua natureza e fazer crer num sacrifício ilusório de sua vida, uma comédia indigna de um simples homem honesto, com mais forte razão de um ser tão superior; em uma palavra, ele teria abusado da boa fé dos seus contemporaneos e da posteridade. tais são as conseguências lógicas desse sistema, conseguências que não são admissível, porque o abaixam moralmente, em lugar de eleva-lo.

Jesus teve, pois, como todos, um corpo carnal e um corpo fluídico, o que atestam os fenómenos materiais e os fenómenos psíquicos que assinalaram a sua vida.


Essa ideia sobre a natureza do corpo de Jesus não é nova. No quarto século, Apolinário, de Laodicéia, chefe da seita dos Apolinaristas, pretendia que Jesus não tomara um corpo como o nosso, mas um corpo impassível, que desceu do céu, no seio da santa Virgem, e não sofrera e não morrera senão em aparência. os aplinaristas foram anatematizados no concílio de Alexandria, em 360; no de Roma em 374, e no de constantinopla em 381.

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